4.9.07

Amo esta poesia.

A Pantera ( No Jardin des Plantes, Paris)

De tanto olhar as grades seu olhar esmoreceu e nada mais aferra.
Como se houvesse só grades na terra: grades, apenas grades para olhar.
A onda andante e flexível do seu vulto em círculos concêntricos decresce, dança de força em torno a um ponto oculto no qual um grande impulso se arrefece.
De vez em quando o fecho da pupila se abre em silêncio.
Uma imagem, então, na tensa paz dos músculos se instila para morrer no coração.


de Rainer Maria Rilke
(Tradução: Augusto de Campos)

Amo estas palavras. Sinto-as pausadas e cheias de sentido. Não posso acreditar em prisões, penso que somos nós que fazemos a nossa vida, apesar de existirem muitos factores exteriores condicionantes. Estas palavras são muito para mim, desde sempre, porque também eu já fui uma fera enjaulada na minha própria mente.

3 comentários:

CarlaRamalho disse...

A pior prisão é, de facto, aquela que construímos, acente nos nossos medos e angústias...

Bom Post!

Beijinhos

shark disse...

Antes uma fera enjaulada do que uma ovelha domesticada?

Joana Amoêdo disse...

Antes uma fera apaziguada e livre.