2.1.08

No meu coração

"Cozinha de Manhufe" 1913


Amadeo de Souza-Cardoso, natural de Amarante, viveu 31 anos, 7 dos quais em Paris e Bruxelas, tendo criado fortes laços de amizade e aprendizagem com o seu homónimo Modigliani e os Delaunay. O suficiente para revolucionar a arte pictórica portuguesa e injectá-la de modernismo. Uma aspecto fascinante da sua obra é a capacidade de síntese entre esse mesmo modernismo e a sensibilidade telúrica de quem ama a sua pequena grande terra, patente nos temas, no tratamento emotivo da cor e das formas.
Veio a morrer em Espinho, vítima de gripe pneumónica.
Sempre apreciei os grandes artistas por saberem ser gratos às suas raízes, fossem elas quais fossem. Deixo-vos aquela que não será talvez a sua composição mais impressionante, mas a que mais me comove: a cozinha da casa da sua família.
(Fui aluna de António Cardoso, sobrinho do pintor, um homem bom e culto com aquele sotaque giro dos amarantinos.)

2 comentários:

shark disse...

É bonita, a forma como lhes pintas a obra sobre a pele. Ou a tatuas no seu carácter.
E é disso que se trata na arte, enquanto expressão de quem a cria. Correct me if i'm wrong, mas até hoje nunca consegui dissociar uma obra, qualquer obra, da personalidade e do trajecto dos/as respectivos/as autores/as.
Tudo isto para frisar o "bonita" (que podia soar pindérico ou assim).
E para me exibir a anos-luz da tua sapiência neste domínio.
Com vontade de aprender, garanto.

Joana Amoêdo disse...

Eu por acaso também não consigo dissociar uma coisa da outra e se a obra me fascina, certamente que a personalidade também o fará. Não procuro mais do que sensibilidades parecidas com a minha, em tudo na vida.