20.2.08

François Truffaut - entrevista imaginária parte 1

Afirmou numa entrevista televisiva, que terá visto cerca de 3000 filmes ao longo da sua vida. Foi também crítico de cinema na juventude. Qual a ponte entre a teoria e a prática, conduzindo-o à realização de 21 filmes?


François Truffaut – “Eu não sei se alguma vez pensaria em realizar filmes se (Jacques) Rivette não tivesse desejado que formássemos um grupo, tivéssemos projectos, escrevêssemos argumentos e os apresentássemos, em conjunto, aos produtores. Podem ver que este tipo de movimento que foi a nouvelle vague foi impulsionado por pessoas mais provocadoras do que eu.”

Quais as grandes diferenças entre o cinema americano e o cinema francês?

F. T. – “O cinema americano é um cinema de situações, o cinema francês é um cinema de personagens. Por causa disto o cinema mudo francês, por exemplo, (com a prestigiada excepção de Abel Gance) foi menos brilhante do que o americano. Jean Renoir, René Clair, Jacques Feyder, tiveram necessidade do som, do diálogo para se exprimirem e é por isso que eles desabrocharam no cinema falante, que lhes permitiu apresentar os seres humanos em toda a sua complexidade. Uma outra grande diferença entre os dois cinemas é que tivemos em França muito bons artistas mas poucos “artesãos”. Existe, na produção de Hollywood, um florescente cinema de “série B”, composto por filmes de encomenda, admiravelmente executados e sendo que a importância artística foi recentemente reconhecida, penso também nas produções de Allan Dwan, Raoul Walsh, William Wellman, Tay Garnett ou Michael Curtiz. Nada de semelhante em França, onde os bons filmes foram rodados por encenadores ambiciosos e omnipotentes, à excepção talvez de dois nomes bem representados, os de Christian-Jaque e Julien Duvivier, dois bons “artesãos” franceses, dois bons executantes de filmes de encomenda, dois admiradores do cinema americano.”

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