27.8.08

Acalmar

Perder tempo é preciso. Parar é preciso. Sentir o próprio pulso, sem medo de entrar em colapso faz bem à saúde (mental, emocional, sexual). Se tens pressa, vai devagar. A velha sabedoria oriental pode ser útil a quem se sente perdido nas malhas do tecnostress e da tríade fast living, fast eating, fast loving. Uma vez entrei num hotel europeu e dei-me conta de que os elevadores eram equipados com ecrãs sintonizados num canal televisivo de notícias. Como se fosse perigoso ficar parado em silêncio durante escassos instantes, como se o dar-se conta dos batimentos cardíacos, da respiração e dos próprios pensamentos naquele hiato de tempo fosse algo a evitar a qualquer custo.
Quando se pára, percebe-se que é sustentável viver com a própria sombra, sem medo do vazio. Nesse dia deixa de fazer sentido «ter-de-fazer-alguma-coisa-para-que passe» (fumar, beber, comer, abusar de fármacos, compras, sexo). Quando se experimenta quebrar o ciclo do
modus vivendi à «toca-e-foge», vai-se mais longe e já não se é mais um Speedy. Com uma vantagem acrescida: deixar de correr contra o tempo é deixar de correr contra si.
Clara Soares, psicóloga, 43 anos

2 comentários:

Ameixinha disse...

Eu encho a minha vida de silêncios e escuto-me! Conhecer-me a mim mesma e conviver com o meu silêncio, é segurança suficiente para conhecer o mundo e viver sem preocupação de cair no abismo de não sabermos quem realmente somos.

O Puto disse...

Palavras sensatas.