4.11.08

Post-retrato


Não me peçam razões, que não as tenho, ou darei quantas queiram: bem sabemos que razões são palavras, todas nascem da mansa hipocrisia que aprendemos. Não me peçam razões por que se entenda a força de maré que me enche o peito, este estar mal no mundo e nesta lei: não fiz a lei e o mundo não aceito. Não me peçam razões, ou que as desculpe, deste modo de amar e destruir: quando a noite é de mais é que amanhece, a cor de primavera que há-de vir.


José Saramago, in "Os Poemas Possíveis"


2 comentários:

fina estampa disse...

segue-se um silêncio.

vague disse...

quem é a menina da foto?