24.11.08

Le Domaine D'Arnheim, René Magritte


Ia enviar isto numa sms mas estava sem saldo para outros que não fossem da minha rede 91. É que eu sou 96 mas sou 91. Não faz muito sentido mas para tudo o que faz pouco sentido existe uma explicação, eu é que não a sei.




.


"Conheço aquela parte de ti que não se vê."




Esta frase faz parte do livro Ensaio Sobre a Cegueira, que é um dos livros da minha vida bem como outros do mesmo autor e outros de outros autores. Hoje vi o filme do Fernando Meirelles. Não tenho podido ir ao cinema e nos dias em que queria ir não tive companhia, até que hoje um amigo meu a quem apetecia mais ir passear comigo a pé fez-me a vontade e lá fomos a uma daquelas sessões maravilhosas de 2ª feira à tarde onde estão pouquíssimas pessoas na sala de cinema.


Levei pipocas para aligeirar a coisa, estava nervosa com a possibilidade de ver aquele filme, acreditem ou não. O filme fez-me chorar. O meu amigo deu-me a mão e ficou incrédulo.




- Estás bem?




Sim, eu estava bem, apenas pensei muito aqui dentro. Fui para muito longe durante o visionamento do filme.


Pensei antes de tudo nos meus pais, na minha avó, e sempre na minha filha e senti que tinha razão em ter sempre perseguido os sonhos e nunca ter dado muita importância às explicações das coisas. Pensei nas minhas amigas e amigos de há tantos anos e em vozes de quilómetros de distância que me ligaram no sábado. Pensei num amigo meu que está num país do norte da Europa e de como gostava que ele visse o filme. Porque gosto muito daquela parte dele que não se vê. Até porque, de facto, nunca nos vimos mas eu acho que somos muito amigos e que gosto muito dele. Pensei num outro amigo meu com quem também gostava de ter ido ver este filme e que vi de raspão no dia do meu aniversário. Ele estava de t-shirt mas tinha a pele quente e apeteceu-me abraçá-lo. Mas parece que nunca podemos fazer estas coisas, sobretudo quando assumimos outras. Pensei no pai da minha filha e antes do filme comprei-lhe uma prenda de Natal. Acho que se ele fosse o meu pai gostava que a minha mãe lhe oferecesse sempre uma prenda nestas ocasiões, ainda para mais conheço-lhe tão bem os gostos. Pensei em ti, Vague, e tenho que te telefonar uma destas noites, do meu fixo para o teu fixo, como antigamente fazia com as minhas amigas. Estes 12 dias foram realmente intensos, acho que não posso negar a minha natureza.


Estou muito lamechas, com saudades do meu avô que já morreu há 4 anos e de quem tenho tantas saudades que vocês nem imaginam. Na bilheteira do cinema estava um senhor de idade a comprar um bilhete para o "Menino da Mamã" e eu lembrei-me dele.


Que engraçado, a morada do meu antigo blog era I Can't Deny Who I Am. Que engraçado. É verdade.