11.11.08

Notícias do teu mundo


10 anos passados, com algumas tentativas frustradas de reaproximação pelo meio, resolvi pegar no telefone e procurar-te. Tenho sonhado contigo e até já fiz daquelas coisas como acender velas para te iluminarem porque nesses sonhos me pedias ajuda.

Rejeitei durante muito tempo a ideia de voltar a ligar para a tua morada de família, único ponto de contacto possível entre nós, por terem sido sempre tão frios comigo e com outra pessoa que conheço e também te procurava, por outros motivos, calculo. Fomos inseparáveis durante 4 anos, estavas acima de tudo para mim e sei que foi recíproco. Todos os clichés e tudo o que os destrói nós vivemos.

Reuni a minha coragem interior, ultimamente tão cansada, peguei no telefone e digitei os números, sei-os de cor há mais de 15 anos. A voz rouca que me soava sempre tão antipática voltou a atender.


- Bom dia, é a mãe da M.?


- Não, sou a tia.


A minha conversa foi tudo menos segura. Falei de sonhos, de 10 anos de distância, de um jantar imaginário que estava a organizar com os membros da nossa antiga turma, como se eles me interessassem como tu, falei também na minha filha, falei muito nela e de repente, do outro lado


- Eu sei bem quem a menina é, sei muito bem.


E toda uma vida diante dos meus olhos, as informações desejadas, assim, fáceis porque fraquejei, porque não tinha discurso algum preparado e do outro lado alguém envelheceu, alguém também sabe bem menos de ti do que gostaria.


- Muito obrigada, nem sei como lhe agradecer.


- Menina, não tem nada que me agradecer. Muitas felicidades para si, para a sua menina e marido.


- Obrigada, obrigada.


Desliguei o telefone e não consegui conter as lágrimas. Há muito tempo que não me sentia assim. De repente já sei onde estás e tenho de tomar uma decisão.


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3 comentários:

vague disse...

Para não variar muito, fico com o coração à flor da pele quando te leio (ele, que ainda há pouco estava sossegadinho no centro imaginário do corpo, emerge de rompante).
Tocar no âmago, na ferida, nas coisas boas tb. Tb essas essas precisam de ser vividas profundamente e com toda a alegria de que se é capaz, sem medos.
Um bj grande, Debbie:)***

Joana Amoêdo disse...

Obrigada, querida, pelos comentários e por nunca teres medo de te envolveres realmente com as histórias dos outros. É isso que me faz acreditar na amizade.

vague disse...

(glup) este foi um elogio tão grande q eu não sei se mereço. mas eu fiquei com um sorriso enorme no rosto!:)