24.11.08

Le Domaine D'Arnheim II, René Magritte


"Podemos confundir as pessoas por quem olhamos (que não olham por nós) com aquelas que nos conhecem melhor do que nós mesmos. Diante das primeiras, logo que se sofre, abre-se um desfiladeiro. Com as segundas, cria-se uma ponte. Mas porque é que nos iludimos, tantas vezes, olhando por quem não quer, não pode ou resiste simplesmente, a olhar por nós? Por que motivos nos iludem, levando a que se traia tudo aquilo a que se aspira?


(...)


Ao contrário do que sucede na Natureza - onde um problema não se resolve com soluções mas com um problema mais complexo que nos desafia, com simplicidade -, crescemos imaginando que é possível aprender sem errar. No amor, por maioria de exigência. O que transforma, muitas vezes, o coração numa folha de cálculo. Ora, do mesmo modo que dar à luz não é tirar todas as dúvidas (mas pôr problemas), errar é aprender. E descobrir que, olhando por quem se olha, o importante nunca é saber como se faz, mas com quem se conta para se chegar ao que se quer.


Talvez por isso se possa confundir as pessoas por quem olhamos (que não olham por nós) com aquelas que nos conhecem melhor do que nós mesmos. Com as primeiras crescemos com asas...e com as segundas pedindo descupa por voar. As primeiras são um espelho que nos cega. As segundas desabotoam-nos por dentro (..) e dizem-nos (sem o dizer) que alguém, nalgum lugar, olha por nós.




Eduardo Sá.


1 comentário:

fina estampa disse...

concordo com essa visão das coisas, acho eu