23.6.09

Saber ser feliz


Ontem fui e vim de Lisboa de comboio por motivos profissionais. Levei um livro e duas revistas e esqueci-me do meu mp3, o que significa que fui a pensar de modo objectivo sobre muitas coisas. Habitualmente, com a música nos ouvidos e uma viagem, penso nas coisas com o coração e fantasio até aos limites do impossível. Pensei, durante muitos anos, talvez influenciada também pelo que julgava pensarem de mim, que só era capaz de pensar com o coração e de agir por instinto. Nos últimos 3 anos, altura em que, como já afirmei, deixei de vez a adolescência (ehehe), tornei-me uma pessoa mais cautelosa, muitas vezes na corda bamba entre o pensamento objectivo e o impulso. Sei que sou dada a este último e que isso já me trouxe tantos dissabores como alegrias. Ok, talvez mais dissabores do que alegrias, caso contrário não necessitaria de repensar a minha vida como tenho feito desde então.


Dei por mim a avaliar, a parar para pensar, a não agir. E isso causou-me algum sofrimento interior que apelidei de sacrifício válido, de treino para tempos futuros. Confesso que, nesta maratona, me cansei bastante e me esqueci de viver o presente. Deixei de me envolver emocionalmente por incapacidade mas também por opção consciente. Não sei qual pesou mais. Trabalhei muito e desenvolvi duas vocações, uma profissional e outra familiar. Percebi (com mais ênfase, porque acho que perceber já tinha percebido há muito tempo) que ser mãe é uma das minhas missões e o caminho para acabar com o egoísmo sufocante que me consome se eu lhe deixar livre acesso.


Percebi que esta luta deu os seus frutos e dará talvez mais. Um exemplo disso é que aquilo que desejo para mim neste momento é, finalmente, aquilo que efectivamente preciso.


Hoje em dia a sociedade impõe-nos que sejamos perfeitos. E nós, mesmo sabendo à partida que a natureza humana é imperfeita, queremos ser perfeitos como profissionais, como pais, como donos de animais, como donos de casa, como amigos. Esquecemos-nos que a felicidade não é algo que nos cai em cima de um dia para o outro. Vamos tendo relances da mesma, momentos de perfeita imperfeição, momentos em que estamos com alguém que nos aceita as parvoíces, que se está marimbando se somos os melhores em alguma coisa, que nos vê para além de nós mesmos, para lá da matéria. E isto aplica-se aos nossos filhos, namorados, família, animais, colegas de trabalho. Podem ser momentos raros ou frequentes. O importante é treinar o discernimento e a percepção desses momentos e nunca esquecer que a felicidade é uma conquista.



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2 comentários:

vague disse...

linda, linda, linda de coração!

(q do resto já se sabe)

vague disse...

ah vieste a Lx? ;)