8.2.08

Games people play ou Dar sem esperar receber ou Demolir as máscaras

Esta coisa dos jogos nas relações amorosas sempre foi para mim uma incógnita. Acho que nunca fui uma boa jogadora, o único jogo do qual gosto é o Trivial Pursuit, por ser de resposta directa, lógica, simples, apesar de não ser propriamente fácil.
Veja-se o exemplo da minha avó materna, relatando o dia em que conheceu o meu avô. Acrescenta sempre que ele durante semanas ficava a vê-la ao longe, enquanto ela lavava roupa no tanque com as irmãs. E que ele lhe mandava recados que ela ignorava. "Ele que espere". E ele esperou, porque nessa altura os jogos eram talvez mais simples. A mulher fazia-se de difícil e assim testava o interesse de um homem do qual depois mandava pedir informações, que eram sempre ou quase sempre confiáveis e revelavam o carácter do futuro hipotético esposo. Assim foi. Só que o meu avô foi vítima de um mal entendido. Como era já pai de uma filha pequena, o informador resumiu a história catalogando-o de casado. Então um dia, ia ele atrás da minha avó pela rua fora, ela virou-se e, pela primeira vez, dirigiu-lhe a palavra, dizendo:
- Deixe-me! O senhor é casado.
- Eu, menina? Quem lhe disse isso?
- Eu cá sei.
A mentira desfez-se e eles casaram e viveram para sempre juntos. Mas estou a desviar-me do assunto.
Os jogos. Porquê? Se alguém nos interessa somos instruídos pela nossa moral a esperar, a não dar a entender, a olhar para outro lado e a fingir que a pessoa nem está ali, mesmo que nos revolva as vísceras.
Temos de esperar que nos ligue, criar uma distância de segurança, para depois agarrar a presa.
É isso? Eu consigo perceber. Acho que já fiz isso e que já mo fizeram também. Mas acho que não gosto lá muito, sinceramente. É certo que os hábitos, como dizia alguém, são difíceis de perder mas tentar / conseguir estar com alguém na base do agora e aqui é um objectivo válido, não é? Pois é.
Estou apenas a avançar com hipóteses, gostava que alguém, que tenha conhecimento de causa, me tentasse explicar estas coisas ultra-complicadas das relações ou que me dissessem se sequer se identificam com aquilo que aqui escrevi à pressa. Porque eu não entendo tanto empenho em não dar a entender que se gosta de alguém. Parece-me tempo perdido.
Acho que, como em tudo, o meio-termo é o el dorado da coisa. Como seria bom dizer a alguém que nos agrada, sem falsos pudores "Queres passear comigo? Gostava de te conhecer melhor, gostava que fossemos amigos.". Porque tudo começa assim, não é, e pode apenas ficar por aí, o que, a meu ver, é já uma conquista do caraças. Então porque é tão difícil perguntar algo tão simples?

6 comentários:

Etelvina disse...

acho que tudo se resume a uma palavra: medo.

medo de ouvir "não", medo de ser gozado, medo de nao resultar, medo de ser falado, medo do que os outros pensam, medo do que´nós pensamos, medo de não valer a pena, medo de fazer figura de otario/a.... enfim, a meu ver é exclusivamnte MEDO....

enquanto o lado da balança destinado à emoção forte(boa ou má), não pesar mais do que o medo, os jogos vão continuar. mas isso é so o meu ponto de vista ;)

Randomsailor disse...

Estou contigo debbie, os jogos são tempo perdido, o dito "mindfuck" é uma coisa feia e é meio caminho para quem quer que seja deixar de me interessar.

Mas o medo como disse a etelvina é um factor importante para complicar as coisas. E por cima disto tudo o mundo está cheio de maus entendidos cheios de boa vontade, e isso também não ajuda. (o mundo também está cheio de gente pervertida, danificada, com issues e minhocas na cabeça e tudo e tudo)

Ainda assim, os jogos são excusados, a vida já é tão complicada para quê por o ponteiro do complicómetro ainda mais para cima...?

s. disse...

não que tenha muita experiência sobre o assunto mas já sabes a minha opinião (:

vague disse...

medo, insegurança, pudor, orgulho,

acho que o amor é um jogo...

vague disse...

será que gostamos tb de ser caçadores e presas, alternadamente?

mariana, a miserável disse...

eu sou da tua opinião..
mas vou falar de uma coisa que não falaste ainda..
o meio de uma relação..quando ela não está muito bem, há um medir de forças, há aquela coisa de mostrar "tu não me afectas assim tanto" e de ficar um dia inteiro sem ligar àquela pessoa porque sim, porque é um jogo e perde quem der o braço a torcer..
quanto a começar algo com um jogo, acho que é uma perda de tempo, não passa de um hábito de sociedade..enfim, se achamos aquela pessoa especial por alguma razao devemos mostrar algum interesse, a menos que essa pessoa não demonstre nada por nós, nessa situação considero prudente haver algum cuidado(e talvez seja disso que falas), o receio de estarmos a dar um passo maior que a perna e maior do que o passo que a outra pessoa quer dar..