27.3.08

Duas ou três situações que aconteceram ultimamente e que culminaram com uma outra à qual assisti na paragem do metro ontem ao final da tarde, deram-me vontade de voltar aqui e escrever. Porque o meu blog serve para escrever sobre o mundano e porque há coisas que eu não compreendo, como, por exemplo, a inveja. É uma coisa que me faz confusão desde sempre e acho que é o sentimento que prejudica mais gente (unicamente, creio, quem o destila). Não importa quem nem porquê, só importa o facto de ser revelador de uma maldade muitas vezes escondida por trás de um sorriso ou de um interesse falso sobre a vida dos outros. A inveja é um sentimento estúpido e mesquinho, que não leva a lado nenhum, que é cobarde e camuflado e por isso muitas vezes difícil de detectar.

Estava eu na paragem do metro e uma rapariga loira e muito gira, aproximou-se, validou o bilhete e ficou, no alto (bem alto) dos seus sapatos, à espera do veículo. Eu estava sentada e havia muita gente na paragem. Todas as mulheres que estavam aos pares começaram a comentar, a rir, a segredar sobre a figura feminina que vos descrevi, e não eram coisas propriamente agradáveis. Ora aqui está uma coisa que eu não consigo de facto entender. Porque é que algumas mulheres fazem isto. Apetecia-me mesmo ter ido perguntar, naquela altura. Qual o bem-estar que pode advir de comentarmos negativamente uma figura que nada tem de negativo? Uma mulher bonita ameaça uma que não se acha tão bonita? Ora aqui está uma das coisas mais primitivas e idiotas que pode haver. E a questão é que há, até entre aquelas pessoas que vestem a camisola do anti-preconceito. São as piores.

Por acaso a última vez que isso me aconteceu (sim, aconteceu, não confundi), foi à porta do Piolho. Que estranho, um sítio onde (dizem) se está tão bem. Desde que com a farda apropriada, é claro.

Pois claro.


2 comentários:

O Puto disse...

É o sentimento que mais abomino, e é (infelizmente) um dos grandes motores da nossa economia interna.

s. disse...

'Uma mulher bonita ameaça uma que não se acha tão bonita?'
precisamente isso. vivemos muito mal quando vemos nos outros aquilo que queriamos em nós.