5.3.08

Touchy touchy

Este texto que aqui vou transcrever talvez devesse ser publicado no outro blog, mas como o tema é generalista q.b. e não fala de tambores nem de trompetes, acho que encaixa. É um tema que me é caro: carícias e toque.

"As carícias abrem também a porta à consciência do nosso corpo. Conhecemos as matizes e o infinito espectro de sensações que pode despertar a carícia do ser amado? Conhecemos em detalhe a pele do nosso par, do ser querido ou desejado com o qual nos submergimos em contacto íntimo?
Em geral, conhecemos pouco o nosso corpo, e ainda o do ser amado. Nele existe um universo que jamais acabaremos de explorar, porque o tempo traz novas dimensões e sensações que matizam o ampliam continuamente a experiência de reconhecimento do corpo da pessoa amada.
Devido à comunicação à distância e à sobressaturação de estímulos, não dispomos de carícias, tacto, contacto e ternura. Amostras de afecto no corpo são substituídas por telemóveis, internet, televisão... Talvez boa parte dos problemas actuais de saúde psicológica e física que estamos a viver, numa sociedade cada vez mais stressada e bulímica, sejam gritos desesperados dos nossos corpos que, levados por uma inteligência essencial e profunda, reclamam ver satisfeita a sua necessidade de encontro íntimo com o outro.
Uma intimidade que não é apenas necessariamente o encontro sexual, mas antes de tudo, a necessidade de encontro sincero, de amor.
E se, em vez de nos aborrecermos diariamente com banalidades, histórias alheias ou passatempos de escasso valor emocional e intelectual, nos submegirmos nas matizes da carícia? Sem dúvida o mau-humor, a depressão, a angústia e a tristeza desceriam drasticamente."

Eduardo Mata Vilalta (fisioterapeuta, naturopata, acupunctor)
in Estética Viva, edição Janeiro/Fevereiro 2008


Sem comentários: