15.5.08

Décima terceira ficção.

Ergueu o olhar e viu o rio lá do alto. Mudou de lugar para conseguir uma visão mais ampla daquela paisagem tão familiar. Olhou para as mãos, tocou uma na outra, os dedos, as unhas. O rio de novo. Na verdade, debaixo de uma calma aparente, uma frase, apenas uma frase lhe revolvia os pensamentos. Ou melhor, o meio de uma frase, uma expressão, duas palavras, um medo. Para sempre. O tempo foi passando e acabou moldada a um quotidiano mais calmo, sem pressa de chegar a lado algum, saboreando os dias como quem sorve uma refeição deliciosa, irrepetível. E agora, a digestão, um dia para ouvir e pensar. Para sempre. Os nervos respondem ao coração, e o rio desaparece até ao outro dia.


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